
“Como disse?” J
O
nosso vocabulário ocidental no que diz respeito ao esoterismo e à espiritualidade
não é assim tão reduzido. Estou mais animada, já pensava que tinha de usar só
termos em sânscrito… rsrs
Um
psiconauta é alguém que é literalmente
um navegador da mente ou da alma; é uma pessoa que usa os estados alterados de
consciência, intencionalmente induzidos, para investigar a própria mente e,
possivelmente, encontrar respostas para questões espirituais através de
experiências directas. Os psiconautas buscam explorar tradições místicas de
religiões variadas, meditação, sonho lúcido e privação sensorial. Técnicas de
yoga são aplicadas também.
Porque
as técnicas que alteram a consciência podem ser perigosas se não se for
cauteloso, os psiconautas geralmente preferem trabalhar sozinhos ou com uma
pessoa de confiança. Sendo assim, eles têm aversão ao uso de estados alterados
em meios sociais ou festas. Se forem responsáveis e genuínos evitam as drogas psicadélicas
porque sabem que são perigosas e não fiáveis.
O
objetivo de tais práticas respondem a questões sobre como a mente trabalha,
melhoram um estado psicológico, respondem a questões existenciais ou
espirituais, ou melhorar o desempenho cognitivo do dia-a-dia.
Já
todos nós ouvimos falar num bom exemplo de ressonância
mórfica:
a teoria do centésimo
macaco.
Era
uma vez, duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem
qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um
esperto símio da ilha "A" descobre uma maneira engenhosa de quebrar
cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia
quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde
entre os seus companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a
nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a
técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começam
espontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira.
Não
houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento
simplesmente se incorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história
fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa, em vez de
quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um
modo ou de outro, porém, ela ilustra uma das mais ousadas e instigantes ideias
científicas da atualidade: a hipótese dos "campos mórficos", proposta
pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake.
Segundo
o cientista, os campos mórficos são
estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento
de todos os sistemas do mundo material.
Átomos,
moléculas, cristais, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades,
ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas
entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem
com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um
mero ajuntamento de partes.
Sua
actuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma
folha de papel sobre um íman e espalhamos pó de ferro em cima dela, a limalha
metálica distribui-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso
acontece porque o campo magnético do íman afecta toda a região à sua volta. Não
podemos percebê-lo directamente, mas somos capazes de detectar sua presença por
meio do efeito que ele produz, direccionando as partículas de ferro. De modo
parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo,
conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
Porém
a analogia termina aqui. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos
mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua
intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo,
com os campos gravitacional e electromagnético. O que se transmite através deles
é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o
conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao património
colectivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado
por toda a espécie.
Sheldrake
explica que o DNA codifica a sequência dos aminoácidos que formam a proteína,
mas são os campos mórficos que dão a forma e a organização das células, nos
tecidos, nos órgãos e organismos como um todo; Campos estes que não são
herdados quimicamente mas são determinados directamente pela “ressonância
mórfica” de organismos anteriores da mesma espécie.
Os
Campos Mórficos não têm natureza fixa, evoluem, possuem uma espécie de memória
interna, que depende dos processos de “ressonância mórfica”, ou seja, a
influência do igual sobre o igual ao longo do tempo e do espaço.
Os campos mórficos e a
filosofia esotérica
Nas
palavras do próprio Sheldrake, num artigo editado na revista “The American
Theosophist”, em 1982, podemos encontrar interessantes revelações:
“Alguns
aspectos da “Hipótese da Causalidade Formativa” lembram elementos de vários
sistemas tradicionais e ocultos: por exemplo, o conceito de corpo etérico, a
existência de almas grupais de espécies animais, e a doutrina da gravação nos
chamados arquivos do “Akasha”. Entretanto, isto é colocado como sendo
estritamente uma hipótese de trabalho e, como tal, deverá ser justificada por
testes empíricos. Mas se a evidência experimental vier a comprovar esta
hipótese, então ela dará bases para uma nova ciência da vida, que irá muito
para além da biologia limitada e mecânica de hoje em dia.”
W.
Q. Judge, esoterista do século XIX, escreve no seu livro “Ecos do Oriente”:
“Provavelmente,
em todo o campo do estudo teosófico não há nada mais interessante do que a luz
astral. Entre os hindus ela é conhecida como “Akasha”, o que também pode ser
traduzido por Éter. Eles dizem que todos os fenómenos maravilhosos dos yogues
orientais são realizados pelo conhecimento das suas propriedades. Dizem também
que a clarividência, a mediunidade, a vidência tal como é conhecida no mundo
ocidental, só são possíveis por seu intermédio. Ela é o registo das nossas
ações e pensamentos, o grande depósito de imagens da terra…” e mais à frente
diz que, “é o grande agente final, ou dinamizador básico, cosmicamente falando,
que não só faz crescer uma planta como também mantém os movimentos de sístole e
diástole do coração humano.”
Corpo Forma
Não
existe suficiente informação codificada no DNA para construir o plano genético
básico do corpo. “O modo como é tecida uma estrutura tão elaborada e altamente
organizada transformando-se em uma unidade, constitui um longo e persistente
enigma”.
Tom
Alexander, editor de ciência da revista Fortune
Dois
cientistas de Yale, Harold Saxton Burr e S. C. Northrop, descobriram que todos
os corpos possuem aquilo que denominaram “arquitecto
eléctrico”. Após quatro anos de estudos sobre a investigação do desenvolvimento
de salamandras e ratos, apresentaram os resultados na Academia de ciências dos
Estados Unidos. Num texto publicado no New York Times (25 de Abril de 1939)
podemos encontrar um interessante resumo dessas conclusões:
“Existe
no corpo das coisas vivas um “arquitecto eléctrico”, que molda e dá forma aos
indivíduos conforme um modelo específico e predeterminado, e que permanece
dentro desse corpo, desde o estágio pré-embrionário até à morte… O indivíduo só
morre depois de o “arquitecto eléctrico” dentro dele deixar de funcionar.”
“…Cada
espécie animal, e muito provavelmente também os indivíduos dentro de cada
espécie, têm o seu “campo elétrico” definido do mesmo modo que as linhas de
força de um íman.
Esse
“campo elétrico”, então, possuindo a sua própria forma, modela segundo a sua
imagem todo o barro protoplasmático da vida que cai dentro da sua esfera de
influência, materializando-se assim no corpo do ser vivo, como um escultor
materializa a sua ideia na pedra.”
O arquitecto eléctrico ou
corpo energético
É
bastante interessante a denominação de “arquiteto elétrico” dado a esta
força-forma, fazendo recordar algumas definições do corpo astral como sendo “elétrico e magnético”.
O
corpo astral, da filosofia esotérica, é como uma espécie de molde do físico,
não se encontra separado dele, mas interpenetra-o e sustenta-o. Sem este
corpo-molde o corpo físico não pode conservar a sua coesão:
“Toda
a solução da controvérsia entre a ciência profana e a ciência esotérica gira em
torno da crença e da prova da existência de um corpo astral dentro do corpo
físico, sendo o primeiro independente do segundo”.
“A
alma interna da célula física – o “plasma espiritual” que domina o plasma
germinal – é a chave que deve abrir um dia as portas daquela terra incógnita do
biólogo, até agora considerada o mistério obscuro da Embriologia”
“O
nascimento do corpo astral antes do corpo físico, sendo o primeiro um modelo do
segundo”
HPB,
D.S. Vol. III
“O
corpo astral é feito de uma matéria muito subtil na sua textura, quando
comparado com o corpo visível, e tem uma grande elasticidade, de modo que muda
pouco durante o período de uma vida, enquanto o físico altera-se a cada
momento…O astral é flexível, maleável, dilatável e forte. A matéria de que é
composto é essencialmente elétrica e magnética…”
W.
Q. Judge, “O Oceano da Teosofia”
Mentes contraídas e
mentes expansivas
“Praticamente
em todos os conhecimentos tradicionais do mundo vamos encontrar uma concepção da
alma que não está confinada a habitar a cabeça, mas sim que anima e
interliga-se com todo o corpo e com o que o rodeia. “Está vinculada com os
antepassados; relacionada com a vida dos animais, das plantas, da Terra e dos
Céus; pode sair do corpo em sonhos, em transe e na morte; e pode comunicar-se
com um vasto reino de espíritos – dos antepassados, dos animais, dos espíritos
da natureza, seres tais como os gnomos e as fadas, seres elementais, demónios,
deuses e deusas, anjos e santos.”
(“Sete
experiências que mudam a vida”, de Rupert Sheldrake).
Em
contraste, a visão moderna, dominante no Ocidente, e iniciada por René
Descartes no século XVII, nega a antiga ideia da mente como parte de uma alma
mais extensa, que anima todo o corpo, para afirmar o corpo como uma máquina
inanimada, como igualmente o são as plantas, os animais e todo o universo. Com
esta perspectiva a alma foi-se contraindo: da natureza para o homem e daí
contraiu-se a uma dimensão ainda mais pequena, a do cérebro. Esta mente
contraída, que confina a alma ao cérebro, vê-a como um produto da mecânica
cerebral. Todas as teorias científicas convencionais inserem-se no paradigma da
mente contraída, afirma Sheldrake.
É
interessante o conceito oposto, por exemplo da filosofia e medicina chinesa que
confere uma relação entre os estados anímicos e os órgãos; o fígado à cólera, o
coração à alegria, o estômago ao pensamento obsessivo, os pulmões à tristeza e
os rins ao medo; tal como expressões que ainda hoje utilizamos, que relacionam
a alma com as suas ligações ao corpo: “de todo o coração”, “não tens coração”,
“ter maus fígados”, “tens que ter as orelhas vermelhas, pois estávamos a falar
de ti”, etc.
É
interessante verificarmos, segundo estudos de Jean Piaget sobre o
desenvolvimento mental das crianças europeias, que é por volta dos dez ou onze
anos que “aprendem o ponto de vista correto”, isto é, que os pensamentos se
situam dentro da cabeça. Em contrapartida, antes desta idade, as crianças crêem
que em sonhos viajam fora do corpo, que não estão separados do mundo vivente
que os rodeia, mas sim que participam dele, que as palavras e pensamentos podem
ter efeitos mágicos à distância. Estas crianças mostram um espírito animista,
muito semelhante ao das culturas tradicionais de todo o mundo e que predominaram
na nossa cultura até à revolução mecanicista e que ainda podemos encontrar nas
tradições e ritos populares.
Jung
foi, muito provavelmente, um dos maiores psicólogos modernos que melhor soube
interpretar e descrever a alma. Ao falar-nos do inconsciente colectivo mostra a psique não confinada a mentes individuais, mas sim partilhada por todo o mundo.
Esta concepção inclui uma espécie de memória colectiva na qual participam
inconscientemente os indivíduos.
No
seio de várias culturas e povos vamos encontrar esta relação do homem com a
alma da natureza. Através do efeito de drogas, práticas xamânicas e técnicas de
meditação orientais, o homem sempre procurou levar a sua alma a estados de
interligação com a natureza ou outras entidades, animais, espíritos, etc.
Sheldrake
realizou várias experiências controladas de um fenómeno, pelo qual certamente
todos nós já passamos, o de sentirmos que somos observados pelas costas.
Alternando entre momentos em que a pessoa era observada e momentos em que não o
era, o indivíduo sujeito à experiência levantava o braço quando estava a ser
observado. Os resultados foram surpreendentes. Com esta experiência Sheldrake
procurou contribuir para a compreensão dessa mente expansiva que pode ligar-se
com o meio circundante.
A Telepatia e os Campos
Mórficos
Sobre
este fenómeno, Judge, na obra já citada, diz o seguinte: “É correcto admitir-se
que o pensamento pode ser transmitido de um cérebro a outro directamente, sem
qualquer palavra. Mas como é que essa transferência pode ser realizada sem um
instrumento? Esse instrumento é a própria luz astral (Éter). No mesmo momento em que o pensamento toma forma no cérebro
ele é representado nessa luz astral, e dali poderá ser recebido por um outro
cérebro que seja suficientemente sensível para recebê-lo intacto…” e acrescenta:
“pode dizer-se que a luz astral está por toda a parte, interpenetrando todas as
coisas, que possui um poder fotográfico, que capta imagens de pensamentos,
ações, eventos, tons, sons, cores, e todas as coisas…”
Conclusões
Os campos mórficos comprometem-nos sobre o poder e influência de cada parte do
universo, em que nenhum indivíduo é tão insignificante que não possa dar o seu
contributo. Este novo paradigma implica novos valores: o humanismo, uma atitude
e compromisso ecológico, uma visão transcendente do mundo e da vida e o apoio
humanitário, no seu aspecto mais amplo, que é o de criar condições para o
desenvolvimento do poder da individualidade que fará crescer a humanidade como
um todo.
As
conclusões finais são uma síntese dos caminhos que o próprio Sheldrake aponta
como desafio a um novo olhar científico sobre a Vida:
–
A investigação destes novos paradigmas poderia ajudar a ciência a abrir-se
tanto no campo teórico como prático.
–
Um maior sentido de vinculação entre toda a humanidade e o mundo que nos
rodeia, mudando a perspetiva de que o ser humano tem o direito de conquistar e
explorar indiscriminadamente a natureza, sem outra preocupação que não a dos
seus interesses. Isto implicaria naturalmente grandes mudanças educacionais.
–
Entender os poderes dos animais e dos humanos e os vínculos profundos que
existem entre todos.
–
Derrubar a convencional separação entre a mente e o corpo e entre o sujeito e o
objecto, com grandes e profundas implicações a nível psicológico, médico,
cultural e filosófico.
Judge,
falando sobre as propriedades do Éter, diz: “Esta luz pode, portanto, ser
impressa com imagens boas ou más, e elas ficam reflectidas na mente
subconsciente de cada ser humano. Se nós enchemos a luz astral com imagens más…
elas serão o nosso demónio destruidor, mas se, pelo exemplo de até mesmo alguns
poucos homens e mulheres de bom coração, um tipo novo e mais puro de
acontecimentos for gravado nesta tela eterna, a luz astral nos elevará ao nível
do que é divino.”
E
esta última frase responde à primeira pergunta e ao título deste artigo, não acham? J
Paz e Amor
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